A origem da oliveira, árvore de aspecto modesto, perde-se na noite dos tempos. No entanto, parece que, na sua forma selvagem, terá surgido na Antiga Grécia e na Ásia Menor, após a Segunda era glaciar.
Cultura milenar dos povos da bacia mediterrânea, a oliveira constitui actividade importante para a economia rural e para o equilíbrio ecológico dessas regiões.
Do seu fruto, a azeitona, obtém-se um néctar que a civilização grega louvou, dizendo que aquecia a alma dos deuses: o azeite.
Símbolo de sabedoria para os gregos, outro líquido para os fenícios, emblema de paz para os judeus, unção sagrada para os cristãos, o azeite, cujo vocábulo provém do árabe “az-zait”, que significa sumo de azeitona, concentra o sabor o saber, a cultura e o gosto, a alma e o corpo de civilizações.
O azeite conquista hoje o Norte da Europa, Estados Unidos da América, Austrália, Japão e Canadá, granjeando apreciadores que descobriram as suas características químicas, biológicas e organolépticas e as suas propriedades preventivas e terapêuticas.
É uma gordura essencialmente monoinsaturada, rica em vitamina E e outros antioxidantes naturais, veículo de outras vitaminas lipossolúveis (A,D,K), com uma composição em ácidos gordos que se aproxima da do leite materno, permitindo que, esses mesmos ácidos, sejam, adequadamente, fornecidos ao nosso organismo.
Nos povos do Sul da Europa, considera-se que o azeite é corresponsável pela baixa incidência de acidentes cardiovasculares.
O cheiro e o sabor do azeite têm uma importância fundamental nas características sápicas da cozinha mediterrânea.
Ingrediente base da cozinha tradicional portuguesa, valoriza o sabor dos produtos, ligando-os entre si, respeitando-os e tornando-os mais ricos. Pode ser utilizado em cru ou cozinhado, assim nas Saladas, no Caldo Verde, no Bacalhau à Lagareiro, numa caldeirada, nas Cavacas, nos Biscoitos, nas Filhós, em tantos e tantos manjares, o azeite é a chave do sucesso…
Sendo muito resistente a altas temperaturas e não penetrando nos alimentos como acontece com outras gorduras, é mais apropriado para a fritura.
Em toda a região da Beira Interior se vêem olivais formado coroas esverdeadas prateadas, tal como aquelas que, segundo a mitologia, ornavam as cabeças dos deuses vitoriosos.
E, até, em socalcos, laboriosamente construídos nas encostas de alguns dos nossos rios, pode ver-se uma paisagem deslumbrante que nos mostra a tenacidade do homem.
Na Beira Interior o azeite faz parte da sua matriz cultural, sendo uma das fontes de rendimento das nossas gentes.
Compreende-se, deste modo, o esmero e o labor dedicados a essa actividade, pois o lagar de azeite ocupou sempre um lugar central na representação simbólica e na economia comunitária.
A singularidade e a excepcional qualidade dos Azeites da Beira Interior distingue-os entre os melhores azeites do mundo.
O Azeite da Beira Baixa tem coloração amarela clara levemente esverdeada e amarela clara, com aroma “sui generis” e sabor a fruto. É obtido, sobretudo, a partir da azeitona da variedade Galega, mas também da Bical e Cordovil, produzindo-se nos concelhos de Sabugal, Covilhã, Belmonte, Fundão, Penamacor, Idanha-a-Nova, Castelo Branco, Vila Velha de Ródão, Proença-a-Nova, Oleiros, Sertã, Vila de Rei e Mação.